"Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar!"
Porém hoje acordei ávido por respirar o ar puro, por encher de verde os meus olhos, mas ao abrir a janela, o desenho que aparece é um rabiscado distorcido da natureza.
Ajudei a levantar!"
Porém hoje acordei ávido por respirar o ar puro, por encher de verde os meus olhos, mas ao abrir a janela, o desenho que aparece é um rabiscado distorcido da natureza.
Em tempos remotos, a visão do
horizonte vinha acompanhada de grandes montanhas coberta de vegetações,
recortadas por rios e habitada por um número significativo de animais. Eram
tempos em que os grandes deslocamentos eram feitos em cima de cavalos.
Predominava no céu, o azul e o branco nos tempos de verão, já o verde, cor que
produz relaxamento e é facilmente processada pelo sistema visual, era a cor
predominante ao nosso redor.
Mas a resistência do homem em se
adaptar ao meio fez-lhe modificar o ambiente. O tapete de concreto nos tirou o
direito do contato com a terra, os grandes arranha-céus mudou a direção dos
ventos e nos tirou o brilho do sol da manhã, os veículos coletivos nos
proporcionaram deslocamentos privados do ar natural e do tempo maior de
apreciação das paisagens que agora passam despercebidas. O céu agora é cinza, e
o nosso redor é uma mistura de cores mal definidas.
Desproporcional, desestruturado,
poluído e cheio de fatores que só produzem estresse. Esse é o desenho
distorcido que o artificial provocou na natureza.
Divaneide da S. Oliveira
POEMA DA CIRCUNSTÂNCIA Onde estão os meus verdes? Os meus azuis? O arranha-céu comeu! E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros, nos tiranossauros, Que mais sei eu... Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os arranha céus! Daqui Do fundo Das suas goelas Só vemos o céu, estreitamente, através de suas empinadas gargantas ressecas. Para que lhes serviu beberem tanta luz?! Defronte Á janela onde trabalho Há uma grande árvore... Mas já estão gestando um monstro de permeio! Sim, uma grande árvore...Enquanto há verde, Pastai, pastai, os olhos meus... Uma grande árvore muito verde...Ah, Todos os meus olhares são de adeus Como um último olhar de um condenado! |
Mário Quintanta
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